Empatia
- avmilhome
- 4 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
"Não há saberes mais ou menos; há Saberes. Saber ler o mundo antes de ler as palavras. Ouvir antes de falar." Paulo Freire
Comumente, a diferença é tida como um obstáculo à ser vencido. Algo a ser calado, segregado.
Vamos aqui pensar: já observou como determinados quadros ou imagens que vemos nos levam a um sentimento de pertença? De identificação com o que vemos? E como essas imagens promovem movimentos em nós mesmos?
Simpatia é termos traços em comum com o outro. É isso o que acontece com os quadros ou imagens que nos despertam atenção. É identificação, em muitos casos.
Mas aqui falamos de empatia, que é produzir uma viagem de escuta e abertura para o saber do outro. É uma viagem de sair de si e voltar para si. Na medida em que abrimos espaço para entender o outro, abrimos espaço para o outro enxergar em si o que antes não era possível.
Mas é necessário o caminho de retornar para si. Saber que ouvir o outro não significa abrir mão de si mesmo. É apenas um caminho para deixar o outro se encontrar.
E como precisamos disso nestes tempos, não é mesmo?
São nossos filhos, esposos, esposas...enfim, aqueles que dividem a quarentena conosco. Temos conseguido fazer essa viagem de sair de si e dar espaço para entender o outro e possibilitar que ele também se entenda nestes tempos?
São nossos colegas de trabalho, com quem nos relacionamos a distância, e por isso mesmo, precisam ainda mais dessa habilidade empática.
São os humores do mundo que se manifestam de forma incomum a partir de agora.
Lembro de um tio que serviu no Exército. Certa vez, eu lhe disse: " O senhor deve ter visto as piores coisas no tempo do seu serviço na guerra, não é mesmo?" E ele me respondeu:" Ao contrário. Foi o lugar onde vi as melhores lições de humanidade e companheirismo."
A crise é sempre um lugar de transformação. Podemos passar esta quarentena com a nossa maior expressão de ansiedade e stress ou com a nossa maior expressão de empatia e humanidade que já tivemos até então.
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