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Sobre ter alguém por perto...

  • avmilhome
  • 23 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

"O primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe: A sua expressão o seu olhar, a sua voz.[...] É como se o bebe pensasse: Olho e sou visto, logo, existo ..." Winnicott


Nascemos dependendo do outro. Somos seres de relação.


Somos seres que dependem do contato, do abraço, do afeto...por isso a quarentena tem sido tão difícil, não é?


O bebê vem ao mundo chorando. Sai daquele estado de completude e se depara com a realidade (dor, fome, calor...). Apesar de não saber nomear cada uma dessas realidades. Bion chama de agonias impensáveis. Então, surge uma " mãe" que nomeia essas agonias: fome, calor, sono... A mãe ou aquele(a) que exerce a função materna inserem o bebê no mundo simbólico. Surge a sintonia mãe e bebê. E quando essa sintonia não existe, graves consequências no desenvolvimento e capacidade desse bebê simbolizar a vida.


O bebê, naturalmente imaturo, estabelece relações com o meio de projeção e introjeção.


Sabe aquela fase em que o bebê não para de chorar? São as "agonias impensáveis" ou a agressividade inata que ele projeta no ambiente. Quando a mãe consegue suportar essa angústia projetada, colocar o bebê no colo e acalmá-lo, o bebê irá introjetar uma experiência boa. Mas quando a mãe não suporta essa projeção da agressividade que o bebê faz no ambiente e devolve a agressividade ao bebê, este introjeta a experiência de que o mundo é mau, persecutório, agressivo.


Para Melaine Klein, não é apenas uma fase da vida ou do desenvolvimento.


Podemos, mesmo adultos, em alguns momentos, nos colocar nesta posição do bebê,  em que trazemos dentro de nós certas angústias e as projetamos no ambiente. Se ao nosso lado, tivermos a sorte de ter alguém que suporte a agressividade que projetamos no ambiente, torna-se mais fácil o processo de visualizamos a realidade em sua integralidade, sem enxergarmos apenas o lado ruim que nela projetamos.


Quer um exemplo? Podemos ir a uma festa com um amigo (a). Se em mim, algo está ruim, num dia ruim, posso considerar que a festa foi péssima. Ao contrário, meu amigo pode considerar uma ótima festa. Esse meu amigo pode me ajudar, facilitando que eu enxergue não somente o que eu projetei de ruim no ambiente.


Simples, né? Basta ter alguém por perto assim...integrado...que suporte a minha agressividade...


Simples????? Quem dera...todos têm as suas questões... nem sempre quem está ao nosso lado vai suportar a nossa agressividade, nossas "agonias impensáveis."


Daí a grande relevância da clínica psicanalítica para todos nós. Assim como a criança, que ao brincar, coloca sua agressividade na brincadeira e não no ato real, o adulto pode e deve colocar suas angústias e agressividade no contexto da terapia para não passar ao ato na realidade da vida cotidiana.


O papel do analista é suportar essa destrutividade, suportar o ataque, fazendo o meio acolhedor e possibilitando ao analisando a capacidade de enxergar os seus objetos de relação em sua integralidade...possibilitando a capacidade de enxergar a realidade não somente como má (como a sua projeção lhe sugere) mas também com o que ela tem de bom.


Fácil não é tornar isso possível...nem para o analista, nem para a mãe, nem para quem está por perto. Mas este é  exercício capaz de nos facilitar uma vida melhor.



 
 
 

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