"É que Narciso acha feio o que não é espelho..."
- avmilhome
- 24 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Já ouviu falar do mito de Narciso? Narciso se apaixona pela sua própria imagem. Certo dia, ao contemplar sua imagem em um lago, mergulha na tentativa de se aproximar da própria imagem e acaba se afogando.
A Psicanálise se utiliza deste mito para falar da constituição do Eu.
Todos nós passamos pela fase do espelho no processo de desenvolvimento. Quando bebês, não reconhecemos nossa imagem no espelho. Depois, passamos a enxergar alguém no espelho. E, por fim, identificamos que a pessoa no espelho somos nós mesmos.
O Narcisismo na Psicanálise tem haver com a imagem. Ao reconhecermos nossa imagem no espelho, passamos a nos reconhecer.
E, posteriormente, esse narcisismo também terá ligação com a imagem que projetamos para o espelho que são os outros. Projetamos nossa imagem positiva, nos exaltamos ou projetamos uma imagem negativa, quando dizemos que somos fracos, que ninguém nos da atenção, etc.... De uma forma ou de outra, estamos lançando luz sobre nossa imagem e buscando a atenção do outro. Ambas atitudes são narcísicas. Fazer dessa imagem projetada o nosso cartão de visita, nada mais é que uma posição narcisista. É como nos identificamos.
Desta forma, formamos uma imagem sobre nós mesmos, nos identificamos de acordo com essa imagem e nos movemos (investimos) na manutenção desta imagem.
O produto destes três movimentos é o fascínio. Há o fascínio pelo belo e pelo seu contrário. E este fascínio é altamente enganoso, porque ao nos fascinarmos por algo, outros detalhes nos passam despercebidos. Onde há fascínio, há servidão.
Na análise, caminhamos no sentido de desinflacionar o narcisismo e encontrar onde está a servidão.
Por isso, a pergunta chave é: pelo que você é fascinado? E o que há no avesso deste fascínio?
O fascínio é defensivo. Agarramo-nos ao que somos fascinados para não nos confrontarmos com alguma outra realidade. Que realidade é essa da qual fugimos?
O que você tem feito com o que está no avesso do seu fascínio? Há medo? Raiva? Insegurança?
Profunda essa pergunta, não? Mas ela é importantíssima para aprendermos a lidar com o que tememos.
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